quarta-feira, 29 de maio de 2013

Uma verdade sobre mim

Resolvi fazer de um dos meus textos um serviço de utilidade pública para prevenir as pessoas da minha perigosidade afetiva. Esse texto é uma grande placa no portão da minha alma: "Não se aproxime." Tudo isso porquê? Eu sou uma puta sentimental. Não, não é uma "puta duma sentimental" que apenas significaria que sou sentimental demais (o que também sou, diga-se de passagem), sou uma puta mesmo. Não dessas que abrem as pernas (o que não é ruim), mas que abrem o peito. Sou toda dada à qualquer emoção bonita, um sorriso aberto, uma frase bem composta. Este texto não é um texto correto, branco, suave, muito limpo, muito leve, como diria Belchior, ele é uma denúncia da minha cafajestagem emocional. É, eu sou uma cafajeste, dou uma olhadinha pra trás pra toda sensação bonita que passa por mim. Galanteio, jogo charme, dou uma mordidinha no lábio, componho versos e tento manter na minha teia qualquer sentimento que me atraia. Isso não quer dizer que dou pra qualquer emoção, dou pra toda emoção que seja linda, poética, azul e não pra qualquer rabo-de-saia. Mas ainda assim sou uma vagabunda sentimental, me arreganho pra qualquer sentimento bonito, mesmo no primeiro encontro. Mas aí cê me pergunta, caro(a) leitor(a) - se é que tenho algum (a) - onde o meu texto/denúncia se torna útil, não é mesmo? Talvez em lugar nenhum. Mas a intenção é desmistificar essa imagem linda-e-pura que alguém possa ter criado sobre mim (acreditem, isso é possível, até mesmo porque o meu lado galanteador é sério). Na verdade este texto se torna útil mesmo para a próxima pessoa que vai entrar na minha vida, se for se apaixonar por mim: não se apaixone. Tenho um coração vagabundo e múltiplo e não pertenço à uma emoção só. Eu vou me apaixonar por você mas não faça o mesmo, a menos que também seja uma cafajeste, porque assim nossas dívidas sendo mútuas acabam se anulando. Tenho um coração safado, meu bem. Sou uma maníaca sentimental, persigo qualquer coisa que me deixa com o coração excitado. Vou tarar teu encanto, assediar tuas paixões e colocar a culpa no meu eu-lírico mas você nem vai perceber crime nenhum, nem vai perceber que caiu nas garras de uma viciada em emoções bonitas e ainda vai achar que o perigo é você. O perigo sou eu,  sou uma vadia de amores, uma caçadora de festa pro coração. Uma emoção hoje aqui, amanhã outra emoção acolá, e vou distribuindo carícias e malícias à almas alheias. Gosto de dar beijos de bocas que não se tocam e provocar orgasmos onde corpos não estão envolvidos. Violento corações alheios e eles fogem assustados, mas também sou violentada, não saio impune por ser assim, e sofro, como sofro. Ao me denunciar assim, acho justo um mediador se instalar aqui, e o inverso ocorrer: a minha defesa. Porque colocando as coisas assim, eu apareço como a sedutora que lucra na história, e a realidade é que quase sempre eu saio perdendo. Porque o que eu sinto é sincero, não é leviano assim apesar da minha vagabundagem. É sincero e sempre acontece num grau extremista, sim,  eu disse que também sou uma puta duma sentimental, sinto de 8 a 80, e ao seduzir certas emoções elas me seduzem de volta numa intensidade bem maior e aquilo que eu persigo acaba me perseguindo. E eu que era criminosa passo a ser vítima. Sou uma culpada inocente. Correta, branca, suave, limpa e leve de um lado, errante, escura, suja, grave e pesada de outro.







A próxima pessoa que vai entrar na minha vida,

tenho uma placa no portão da alma com os dizeres: "Não se aproxime".

Mas logo mais embaixo tem outra: "Chega perto, vem aqui. Desconsidere a placa anterior."

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